Saudações para todos os que já tiveram a chance de acompanhar esta série ou se aventuraram nos games que serviram de inspiração para a considerada melhor fase de “Pokémon”. Tal resenha abordará esta fase, que traz três ligas: a Liga Kanto, a Liga Laranja e a Liga Johto.
Deve ter sido um impacto e tanto quando a série foi exibida e ao longo dos anos, apesar da queda eminente comum em animes longos, ela ainda continua dando suas desventuras. Falar desta fase é entrar numa história que apesar da sua simplicidade, representou uma parte da vida dos que assistem animações japonesas. Para esta redatora, foi muito bom e sim, já joguei os games que compõem tal fase. E já tive muita dor de cabeça em algumas partes dos jogos e tenho minha lista seleta de pokémon favoritos. Não citarei todos, mas, se fosse uma treinadora escolheria os seguintes iniciais: de Kanto qualquer um deles, principalmente se for o Bulbasaur e de Johto, o Cyndaquil.
“Temos que pegar!”
E
com um slogan destes, “Pokémon” teve seu início na história das animações
japonesas. Seguindo uma tendência comum, a história teve início nos games,
quando foram lançadas as versões Red/Blue/Green (no Japão) e Red/Blue (nos
Estados Unidos) para o portátil da Nintendo, o Game Boy e aí, o sucesso
inevitável. Até hoje, os games da série faturam e são bastante aguardados pelo
público que tomou gosto de bancar o treinador ou treinadora pokémon.
O
cara que teve a brilhante ideia foi um japonês só podia ser né! Satoshi Tajiri juntou esta e outras ideias,
aliada à sua produtora de games a Game
Freaks -e com mais algumas pessoas trouxeram “Pokémon” ao
mundo. A mistura de estilos como aventura e RPG, e também o fator de somente
alguns pokémon existirem apenas em uma versão e pra tê-los era preciso trocar,
virou uma febre daquelas. Muito simples, não acham? Pra falar a verdade, vários
games que conhecemos têm como fator de êxito a simplicidade, tornando alguns
verdadeiros clássicos na indústria de jogos.
Mudando
de assunto, dos games para anime, mangás, brinquedos e outras quinquilharias
foi um pulo. Claro que dos produtos licenciados, apenas os games e os mangás
mantiveram a existência da própria série ao longo dos anos. Os games foram
lançados para as plataformas portáteis da Nintendo, que viu o potencial e são
muito esperados pelo público; alguns foram lançados para os consoles convencionais
da mesma, cuja proposta é trazer o time de pokés dos portáteis para o 3D e
lutar com tudo ou com propostas que fogem do habitual. Já os mangás, estes foram mais influenciados pelos games e dentre
eles, merece destaque “Pokémon Adventures”, lançado pela Shogakukan,
editora responsável pela publicação da Shounen Sunday, que traz a história dos games com
mais afinco que a versão animada.
“Pokémon”
é visto por muitos como uma jogada de marketing bem bolada, o que não deixa de
ser verdade, mas, ao mesmo tempo em que é um caça-níquéis, deve-se levar em
conta que a ideia em si é genial e simples em sua essência. Fato que depois do
lançamento da série, várias outras surgiram com proposta similar e a quantidade
é um tanto abusiva. Das animações japonesas que tiveram cópias, “Pokémon” bate
recordes e até hoje, visto que várias animações de teor infantil tem uma
pontinha dela em seus enredos, sem contar a quantidade de piadas e paródias
disponíveis.
Exemplos
de séries que seguiram o estilo “Pokémon” de ser? Aqui vai as mais conhecidas e
que também tiveram animações consequentes: “Digimon”; “Yu-gi-oh!”; “Beyblade”;
“Medabots”,
entre outras, umas mais parecidas e outras com alguns conceitos básicos do
original. Podemos considerar que destas, algumas ganharam destaque e dizer que
são tudo “farinha do mesmo saco” é um argumento completamente sem graça.
O
anime teve início em 1997, pra alavancar o sucesso dos primeiros
games e o método é bastante comum quando se trata de animes baseados dessa
fonte. Por ora, ainda está em
andamento (atualmente com "Pokemon
XY&Z") e tem sido uma das séries mais assistidas do Japão, entrando
fácil na lista das dez mais ao lado de séries tradicionais e animes de grande
apelo. A sua posição varia geralmente entre o sétimo e oitavo lugar
no ranking de audiência, nada mal para uma obra cujo enredo é bastante fácil de
se entender.
E o
enredo de “Pokémon” é um dos trunfos para esta longevidade, pois além de
simples, pode usar o roteiro dos games e botar emoção em seu desenrolar. É
neste último quesito que a fase clássica consegue expor e transmitir boas
recordações aos que puderam acompanhar os episódios. A fase abrange três ligas: a
primeira, baseada nas versões Red/Blue é a clássica Liga Kanto; a segunda é uma
saga filler, que apesar de não ter sido baseada em lugar nenhum, pode ter sido
“fonte de inspiração” para as Ilhas Seviis do remake das primeiras versões,
chamadas de“Pokémon” Fire Red/Leaf Green para GBA; e a
terceira pega nas versões Gold/Silver/Crystal, sendo esta a Liga Johto.
A
história é a jornada de Ash Ketchum e seu leal companheiro Pikachu nas regiões
usadas dos jogos, acompanhados de alguns companheiros de viagem em aventuras
pelo universo pokémon de ser e estar. O sonho de Ash é se tornar o maior mestre
pokémon de todos os tempos sonho bem comum em histórias, se parar pra pensar e pra conseguir, irá capturar os mais variados pokémon pra dar uma força e
ganhar experiência. Nada de incomum e pra sermos sinceros, isso só podia
resultar em mais uma animação japonesa padrão, se a série não tivesse os seus
trunfos e estes são os que tornaram os games tão famosos.
Vamos esclarecer uma dúvida para os que pegaram o trem andando: de
tantos pokémon existentes, por que Ash tinha de ficar com o Pikachu? Fora o
fato de ter acordado tarde e perdido a chance de usar um dos três iniciais de
Kanto, Bulbasaur, Charmander e Squirtle o
motivo principal veio antes da animação, quando pesquisaram com o público
japonês qual poké ia ser o companheiro de viagens do protagonista e a resposta foi
o Pikachu. Portanto, se está reclamando que o Pikachu não é de nada,
podem culpar os japoneses e não a produção da animação.
Nesta
fase clássica, o que teve de menos foi exatamente o contexto dos games: isso é
sério! Uma animação baseada em algo precisa ter no mínimo a estética usada, e
no caso de “Pokémon” em seus primeiros anos de vida, foi de apenas cinco a dez
por cento de sua totalidade. Por isso não achem estranho que alguns
acontecimentos não façam nenhum sentido se analisar o conteúdo dos episódios,
pois foi apenas a partir da fase Advanced em diante que os games ditaram as
regras na série. O que vale é a intenção, não concordam? Somente uma coisa
manteve intacta, ou quase: os pokémon e neste caso, os que compõe as duas
primeiras gerações. Uma qualidade nestes pokés é o carisma, pois tirando
algumas exceções, são os mais queridos e memoráveis, sejam os iniciais, sejam
raros, lendários e guardiões que povoam os games e a fase clássica. Não é
difícil encontrar alguém que diga quais sejam os seus favoritos.
Para termos uma melhor compreensão do que foi dito, vamos explorar as
três ligas que fazem parte da fase clássica da animação e ver o que deu entre
elas.
A primeira liga, a de Kanto, de todas as regiões existentes do
mundo Pokémon, pode ser vista como a mais simples e tradicional; as cidades têm
nome de cores e o ambiente selvagem se mistura com o clima urbano, sem precisar
ser drástico demais. É a região natal do protagonista, que vivia na cidade de
Pallet e como muitas crianças precisam completar dez anos pra seguir jornada,
sendo também local onde vivem dois dos seus companheiros de viagens. Para
participar da Liga Kanto, o personagem precisa ir aos ginásios e enfrentar os
líderes respectivos, obter as insígnias e assim, com elas fazer parte da
competição realizada no Planalto Índigo.
Até aí nada de mais: capturar os pokés, batalhar contra os líderes
de ginásio e encarar alguns perigos. Por falar em perigos, estes são
representados pela Equipe Rocket, cujas intenções são dominar o mundo e
capturar a quantidade de pokémon que tiver no caminho, o que inclui os raros,
lendários e guardiões. E é num trio bem atrapalhado e de intenções ora boas,
ora ruins, que o grupo criminoso é representado na animação.
Os desafios impostos revelam uma faceta que seria mais explorada a
partir da fase Advanced em diante, que é a necessidade em haver uma interação
mais íntima entre os pokés e seu treinador. E graças a ela, que é um filler
lamente ou não, mas, a maioria das animações tem isso pode continuar com o
ritmo já dito da primeira liga. Como dito antes, estas ilhas podem ter
sido a inspiração para a criação das Ilhas Seviis em Fire Red/Leaf Green, pois
algumas características estão presentes nelas. O resultado não é tão ruim
quanto uns aparentam e vemos o protagonista ganhar a competição, numa luta
acirrada e cheia de emoção.
A terceira e última liga da fase clássica, Johto, retorna aos
patamares vistos da primeira liga: as cidades, as batalhas de ginásio e a
competição realizada na Montanha Prateada. Também temos o retorno de um dos
companheiros de viagem de Ash, voltando ao trio de sempre e a maior novidade
são os pokémon que fazem parte da região. E é desta novidade que vem o lado bom
e o ruim dessa fase. Se a intenção da animação era mostrar a nova leva de
pokés, infelizmente, o resultado não foi das melhores: até que o começo foi
bem, mas conforme seguia os episódios, a novidade se tornou um torvo sem
utilidade para a história.
Leva-se em conta o arrasto no andamento da série, que aconteceu
por causa da fonte original os games não ter tido nenhuma novidade, ficando
cansativo de acompanhar. Somente a última leva de episódios pode salvar a
pátria da Liga Johto e a competição em si foi muito mais emocionante e
estratégica, se comparar com a primeira liga do anime. E quando após várias
batalhas temos a esperança de ver Ash se consagrar campeão vem a derrota... não
pior que a de Kanto, pois ele chegou às semifinais. Mesmo assim, um pensamento
bate na cabeça dos pokemaníacos de plantão: a produção tem raiva do Ash por
acaso? Porque isso se repete nas ligas seguintes; esta aí é outra história...
Personagens?
A série tem um monte deles: treinadores, pessoas comuns e até mesmo os pokémon,
cada um em seu contexto e lugar ao sol. Clichês? Sim e bem óbvios, havendo suas
qualidades e defeitos representados ao longo da fase clássica. Destes podemos
destacar os companheiros de viagem de Ash e o trio atrapalhado da Equipe
Rocket, que seguem a cada aventura, capturas e batalhas.
Dos
companheiros de viagem temos a Misty, líder do Ginásio de Cerulean e que seguiu
o protagonista nesta fase clássica e das personagens femininas que o
acompanharam, a mais querida com sua personalidade forte e amiga de ser;
Brock, líder do Ginásio de Pewter, que banca o irmão mais velho do trio e
verdadeiro Don Juan da série; e Tracey, que acompanha Ash e Misty durante a
estadia nas Ilhas Laranja, com papel similar ao do Brock e aspirante a
Observador Pokémon – desenha os pokés em seus ambientes para registrar
informações a respeito destes para cientistas e interessados. Dos três, Misty e
Brock são os mais representativos e marcaram suas presenças na animação.
E
sim, não podemos esquecer Jesse, James e Meowth: o trio atrapalhado da Equipe
Rocket dá o ar de sua graça e o fardo sem noção de capturar o Pikachu de Ash os
tornam tão representativos quanto os companheiros de viagem do nosso
protagonista. A primeira tem personalidade ardilosa e feminina; o segundo tem o
lado abobalhado e despreocupado; quanto ao último, pode-se dizer que é mandão e
pode falar a língua humana muito bem e até demais. Vários dos momentos cômicos
e certos desdobramentos vêm destes três, que no fundo, são bons e querem apenas
ser reconhecidos pelo seu amado chefinho, líder da Equipe Rocket.
Descrever
o fenômeno “Pokémon” fora do Japão é até fácil, o difícil é informar bem como
foi, então vamos ater a série no Brasil que é o que mais interessa. O anime deu
o ar da graça no ano 2000 e como em outras partes do mundo, um verdadeiro
fenômeno durante o começo e com as quinquilharias e os games, deu no que
deu... A exibição ocorreu primeiro
na Rede Record, depois Cartoon Network onde é exibido até hoje Rede Globo apenas o final da Liga Johto e o meio da fase Advanced, Rede TV (que exibiu
parte da fase clássica; final da fase Advanced, Battle Frontier e dois terços
da fase Diamond/Pearl), fora canais avulsos. Ufa! Tantos canais
televisivos que dá até náuseas... E se contar os estúdios de dublagem, então
temos uma típica novela mexicana.
Em termos de dublagem, a fase clássica passou por
três estúdios paulistanos: a primeira temporada foi na Master Sound, onde as
vozes dos pokés eram bem baixas de se ouvir e tínhamos uma tela escura nos
momentos de maior brilho cortesia doclássico episódio censurado que deu uns problemas epiléticos a
segunda temporada foi na BKS e aí as vozes dos pokés estavam em bom som, fora a
repetição de algumas vozes e o chá de sumiço do dublador do Meowth, que passou
a ser feito por outra pessoa; e enfim a Parisi Video, onde as três temporadas
da Liga Johto foram feitas e onde “Pokémon” pode mostrar a que veio.
Destes
três estúdios, o último foi o que ofereceu mais suporte a animação e também manteve
parte do elenco principal e secundário de vozes. Por falar de dubladores, vamos
destacar o elenco principal, encabeçado por Fábio Lucindo (Ash); Márcia Regina (Misty); AlfredoRollo(Brock); Rogério Vieira (Tracey); Isabel de Sá (Jesse); Márcio Araújo (James) e Armando Tirabosque (Meowth): sem eles, “Pokémon” não
seria um terço do que foi nesta fase clássica - e convenhamos, que em português
brasileiro é melhor aos nossos ouvidos que a dublagem japonesa.
Outra
explicação: porque a resenha se refere a “Pokémon” apenas na fase clássica?
Porque a intenção é separar esta das outras fases que a sucederam, após mais de
200 episódios, cinco filmes e sem contar com especiais de TV e vídeo. E também
tem a ver com o traço, que tem um toque simples e baseado em animes dos anos
60/70. Não vamos estender sobre episódios, mas, vale ressaltar que desta leva
tivemos três censurados todos da primeira temporada e alguns que apenas
foram exibidos depois, por motivos culturais ou sem querer e também são parte
da mesma temporada dos censurados.
Desta
maneira, “Pokémon” em sua fase clássica fez o que muitos animes fizeram:
imaginar o quanto pode ser divertido a profissão de treinador ou treinadora
pokémon. E estes são os episódios que mais dão saudades...
Comentários
Postar um comentário