RPG é um jogo narrativo em grupo. Pense no seu livro favorito, e coloque a si mesmo e seus amigos no lugar dos personagens principais, enquanto o mestre toma o papel de “escritor”, controlando o resto do cenário, oferecendo desafios, consequências e recompensas para as ações. Mas diferente de um livro, um jogo de RPG não tem um roteiro fixo, e os personagens vão alterar a história com suas ideias e ações. Vamos jogar???
Rifts
Centenas de anos no futuro, a Terra sofre uma mudança dramática. Intersecções das linhas ley – linhas de energia mágica que cruzam o globo – criaram Fendas – Rifts – no espaço-tempo, abrindo uma passagem para outros lugares, tempos e dimensões. Através destes portais, vieram seres dimensionais – D-Bees – e o poder mágico. Magia e tecnologia muitas vezes colidem no mundo da Fendas. Não é incomum ver um elfo armado com uma pistola, ou um mago enfrentando um exército de robôs.
Fendas é um mundo onde tudo pode acontecer, e normalmente acontece. Japão tornou-se uma sociedade cyberpunk. América do Sul sofre uma praga de vampiros. Atlantis ressurgiu das ondas. A Europa é mais uma vez um vasto deserto em combate contra um império de gárgulas. África voltou à natureza, tornando-se mais uma vez um continente selvagem e sombrio. China é invadida por demônios. Na América do Norte, os Estados Coligados são o poder primário. Austrália foi inundada pelo mar e, com o retorno da magia, os aborígines ressurgiram. Nem as profundezas do oceano estão a salvo de Fendas, com o Senhor das Profundezas enfrentando os Cantores da Baleia e os Novos Navy pelo destino do planeta.
Então, com todo este grande cenário e histórico, por que Rifts é o 10º na lista? Simplificando, é por causa da mecânica. A maioria das pessoas vai ser rápida para dizer-lhe que enquanto Rifts é um ótimo ambiente, com maravilhosa história e o potencial para anos de jogo, a mecânica mata rapidamente a diversão. Cada suplemento que é lançado dispõe de opções mais potentes do que o anterior, e muitas das mais atraentes opções de interpretação são deixadas para trás por uma nova. Aliado ao fato das regras serem inconsistentes, mesmo dentro de seu próprio ambiente, o contexto pode tornar difícil de desfrutar. Imagine jogar com um humano moderno sem poderes mágicos ou habilidades sobrenaturais, enquanto o seu amigo joga de dragão. Esse é o tipo de disparidade que é visto em Rifts.
Mundo das Trevas
O Mundo das Trevas é um jogo RPG da White Wolf – Devir no Brasil – de horror sobrenatural. É ambientado num universo onde os vampiros, lobisomens e outros ícones do horror existem simultaneamente e interagem uns com os outros – muitas vezes com violência. Os livros básicos são: Vampiro: o Réquiem, Lobisomem: os Destituídos e Mago: a Ascensão. Há também uma série de outros livros que foram disponibilizados, incluindo ambientações que acontecem em outros períodos da história.
Então, RPG de horror, histórico rico – por que é só 9º lugar? Existem duas razões. Primeiro, o jogo de RPG original foi rapidamente ofuscada pela variante live-action chamado Mind’s Eye Theater. Em segundo lugar, no final de 2003, a White Wolf parou de publicar livros da linha, encerrando o cenário em um evento chamado A Hora do Juízo.
Algumas campanhas continuam, mas de um modo geral, o jogo de RPG está cada vez mais difícil de encontrar nas livrarias nos dias de hoje, e até mesmo o live-action está começando a se tornar escasso fora de convenções.
Mutantes & Malfeitores
Mutantes & Malfeitores é um RPG de super-heróis da Green Ronin – Jambô no Brasil. Baseado no Sistema d20, grande sucesso da Wizards of the Coast, M&M tem crescido em sua própria categoria e preenche o seu nicho de forma esplendida. Ela se transformou de uma variante do d20 em um sistema próprio, para lidar com a mecânica de super-poderes personalizáveis.
O sistema é flexível o suficiente para permitir que você jogue com qualquer tipo de personagem que se possa imaginar, desde um policial comum até um campeão com capacidade de abalar o mundo. Além disso, o sistema é equilibrado de tal forma que personagens de um nível de poder igual são bem equilibrados, mesmo se um personagem tem origem divina e o outro é em grande especialista com algumas bugigangas na manga. E, mais recentemente, a Green Ronin fez uma parceria com a DC para trazer o jogo de RPG DC Universe, dentro do Mutantes & Malfeitores.
A razão pela qual ele está na 8ª posição é simplesmente porque não há muito amor por jogos de super-heróis nos dias de hoje. Nos primeiros anos do RPG, havia um grande número de sistemas para super-heróis, mas atualmente, Mutantes & Malfeitores fica praticamente sozinho no campo. É um grande jogo, apenas sofre de muita competição e falta de público.
Traveller
Traveller é um clássico do RPG de ficção científica, e pelo clássico, eu quero dizer que ele estava lá desde os primórdios. Muitos dos veteranos podem recordar a primeira experiência com o Traveller, e em muitos casos isso significa sofrer com um personagem que morreu durante a fase de criação. Sim, Traveller era único entre seus pares em que a criação do personagem foi a metade da diversão e que havia um risco significativo de um personagem morrer antes mesmo de colocá-lo na mesa!
Traveller é um dos poucos sistemas que evoluíram, mas nunca morreram. Ele mudou de forma, adaptando-se, e a linha do tempo avançou, mas o cenário permaneceu o que sempre foi. E agora, mais recentemente, o Traveller clássico está de volta, graças a Mongoose Publishing! O último conjunto de regras remonta aos velhos tempos, quando a criação do personagem era algo que levava tempo. O aspecto de morte súbita foi removido – embora você possa reinseri-lo se desejar – e algumas coisas foram simplificadas, mas este é o Traveller original.
Mas por que o 7º lugar? O mesmo motivo de Mutantes & Malfeitores. Ele sofre de um monte de concorrência e do gênero de ficção científica estar em baixa. Mas este jogo gera uma grande quantidade de bons livros, especialmente entre os veteranos de RPG, então aguarde por um renascimento.
Call of Cthulhu
Call of Cthulhu é baseado nas obras de H.P. Lovecraft, um dos autores da década de 1920 que se especializou em horror. O jogo original, produzido pela Chaosium, foi criado na mesma década e contou com seres humanos comuns, que enfrentavam adversários extraordinários. Muitas vezes, eles teriam de enfrentar seres menores de outros mundos ou dimensões, ou o grupo ocasional de cultistas humanos, mas com a mesma frequência, o inimigo seria uma criatura do além do espaço e do tempo, muito poderosa para que eles pudessem derrotar. Call of Cthulhu é muito mais um jogo de se contentar com ganhar a batalha, mas não a guerra.
Se não há nenhuma chance de sucesso, então por que jogar? Bem, essa é a graça. Não se trata de derrotar a escuridão, é sobre sobreviver a ela e superar as adversidades. Falam de brincadeira que os personagens mais longevos em Call of Cthulhu são os que têm as maiores taxas de movimento, e há alguma verdade nisso. Saber quando virar e correr pode ser tão valioso quanto um encantamento antigo. E lembre-se, você não tem que correr mais que o monstro; você só tem que correr mais que o membro mais lento do seu grupo. Tenho testemunhado grupos mutilando personagens uns dos outros para evitar ser devorado.
Eu coloco o Call of Cthulhu na 6ª posição porque continua a ser uma agulha no palheiro nas convenções de jogos. Não é nem de longe o mais popular jogo de RPG – é preciso um tipo especial de jogador para se adaptar ao estilo de jogo -, mas mantém um público fiel e ainda é apoiado pela editora que o publica.
Hackmaster
Voltando ao ano de 1990, Jolly Blackburn desenhou uma tirinha nas páginas da revista Shadis. Esta faixa foi uma espiada nas vidas de um grupo de jogadores que se chamavam os Cavaleiros da Távola de Jantar, e seu jogo de escolha foi Hackmaster, um jogo de ficção inspirado em Advanced Dungeons & Dragons, mas com elementos de puro humor.
Em 2001, com a Open Game License em vigor e o movimento d20 em andamento. Kenzer & Company, formada em 1994, ganhou a permissão da Wizards of the Coast para produzir uma paródia de Advanced Dungeons & Dragons 1ª edição chamada, apropriadamente, Hackmaster. O jogo foi um sucesso imediato entre os fãs das tirinhas.
Embora seja reconhecido pelo seu material de origem, ele também desenvolveu sua própria atmosfera e é iminentemente agradável para os fãs do velho AD&D, do qual é derivado. A mecânica é bastante familiar para apelar para os veteranos, mas o mundo e ambiente são exclusivos o suficiente.
GURPS
GURPS, publicado pela Steve Jackson Games – Devir no Brasil -, significa Generic Universal Role-Playing System. Foi inovador na medida em que foi um dos primeiros jogos de RPG a introduzir uma única mecânica que permitia jogar em qualquer gênero, desde a fantasia ao horror. As regras básicas explicam a mecânica do sistema, enquanto numerosos suplementos oferecem detalhes para adaptar as regras para praticamente qualquer cenário que você possa imaginar! Em 2005, mais de 150 suplementos foram produzidos, cobrindo tudo desde Idade das Pedras a Viagens no Espaço Futuristas.
Hoje, GURPS está em sua 4ª edição e as regras permanecem fundamentalmente as mesmas desde que ele estava na 1ª edição, apenas sendo simplificadas. GURPS 4ª edição foi lançado em 2005 e já tem mais de 50 suplementos impressos nos EUA, além de ser totalmente compatível com as dezenas de suplementos da 3ª edição já existentes.
GURPS é sobre realismo. Certamente, ele pode ser jogado como um jogo orientado para a ação heroica, mas na sua essência, trata-se de realismo. Tiroteios em GURPS tendem a ser mortais, e você não vai encontrar muitas regras para desconsiderar seus inconvenientes, como as leis da física. Se você está procurando um conjunto de diretrizes que irão manter seus jogadores com o pé no chão ou um jogo que permite misturar gêneros à vontade, GURPS não vai deixar você para baixo, e, assim, ganha um quarto lugar sólido na nossa lista.
Savage Worlds
Um recém-chegado à cena, Savage Worlds estreou em 2003. Assim como GURPS, se propõe a ser um sistema multi-gênero, mas também é conhecido como “rápido, furioso, divertido!” De fato, todos os aspectos da mecânica parecem ser voltados para esse mantra. Atributos de personagens, dos quais existem apenas cinco, são expressos como tipos de dados – de quatro lados, de seis lados, de oito lados etc. Habilidades são quantificadas da mesma forma e são muito amplas e interpretativas. A criação de personagens é breve.
Fazer um teste de habilidade é tão simples quanto rolar o tipo de dado igual à sua habilidade. Se você rolar um quatro ou maior, tem sucesso. É realmente muito simples. Personagens tendem a obter algumas vantagens, tais como a capacidade de rolar um “ace” – se o resultado máximo possível é rolado, role novamente e adicione o total dos dois resultados -, a fim de ganhar “raises”, que por sua vez permitem maiores níveis de sucesso. Iniciativa de combate é determinada com um baralho de cartas comum.
Com uma mecânica básica forte e com o apoio de algumas dúzias de suplementos, o sistema Savage Worlds é um sucessor digno e popular para o GURPS mais realista e detalhado. Demora um pouco para se acostumar com a ideia de que o disparo permite acionar tudo, desde um estilingue a uma bazuca, ou dirigir engloba não apenas carros, mas caminhões, bicicletas, carretas e tanques. A ideia é “rápido, furioso, divertido!” Depois de aceitar isso, o jogo torna-se uma maneira ideal para matar uma noite ou três.
Pathfinder
Pathfinder cresceu como uma expansão de Dungeons and Dragons 3.5. Ele tira o melhor de tudo o que o 3.5 tinha a oferecer, corrige alguns dos problemas mais proeminentes, e apresenta uma configuração totalmente nova que respira ar fresco num sistema de jogo familiar. O resultado é um mundo de campanha único, com uma história de fundo rica, uma infinidade de novas opções para personagens familiares, e muito espaço para crescer e expandir.
Ele usa uma mecânica simples; basta rolar um dado de vinte faces, adicionar quaisquer modificadores aplicáveis e comparar o resultado contra um número alvo ou atribuído pelo Mestre, ou uma tabela de números-alvo típica. Se você bater o número, você tem sucesso na ação.
O que faz Pathfinder tão legal é o cenário de campanha que ele estabelece. Se é um a fantasia ou o mundo real, Pathfinder tem um análogo a ele. Um condado de elfos? Entendi. Um cenário estilo Índia com marajá? Yep. Uma selva vasta e escura? Bem aqui. Uma terra de samurais e ninjas? Você que sabe. Uma cultura guerreira e orgulhosa invade outras terras? Show.
Em suma, Pathfinder oferece toda a aventura que você poderia querer ou precisar, juntamente com uma forma familiar, mas original!
Dungeons & Dragons
Será que alguém duvidou que esse seria o número 1? Se assim for, que vergonha. Amá-lo ou odiá-lo, não pode haver concurso onde Dungeons & Dragons não seja o mais vendido e mais popular jogo de role-playing.
Dungeons & Dragons tem o seu início em 1974 como fruto da imaginação de Gary Gygax e Dave Arneson. A dupla adorava jogos de guerra em miniatura e decidiu dar-lhes um cunho único, colocando-os em um ambiente de fantasia e com foco em personagens individuais em oposição a tropas inteiras. O jogo foi um sucesso imediato e o passatempo estava feito. Quatrenta anos e dez revisões depois, o jogo evoluiu para o que é hoje.
De suas raízes, o núcleo do Dungeons & Dragons permanece fundamentalmente o mesmo, mas a mecânica sofreu mudanças radicais com cada nova edição. Isto tem causado o afastamento de muitos jogadores antigos. Só muito recentemente, uma quinta edição foi lançada e ainda está engatinhando.
Ao longo de sua longa história, o Dungeons & Dragons tem visto muitas controvérsias. Particularmente em meados dos anos 80, o jogo ficou na mira de grupos religiosos e pais preocupados e foi acusado de tudo, desde ensinar bruxaria a aconselhar suicídio. Na verdade, apesar do que foi dito, o jogo realmente oferece um grande número de benefícios, incluindo afiar as habilidades de matemática, a interação social com os colegas e desenvolver a imaginação.
Apesar da última versão do jogo (4ª) ter sido criticada como sendo “muito videogame” e muito longe das origens do jogo, foi prometido que a 5ª edição irá retornar o jogo para suas raízes. Ninguém sabe o que o futuro nos reserva, mas por agora, o jogo continua no topo da pilha.
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