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20 anos de Harry Potter, muito amor envolvido


Era quinta-feira, 26 de junho de 1997, quando chegava às livrarias do Reino Unido o primeiro volume daquela que se tornaria a série literária mais vendida de todos os tempos. Recusado por 12 editoras, Harry Potter e a Pedra Filosofal teve uma tiragem inicial de 500 exemplares – baixa até mesmo para um autor estreante. Mas uma magia poderosa levou Joanne Rowlingadiante: 20 anos depois, Harry Potter comprova sua longevidade, mantendo influência sobre a antiga legião de fãs e conquistando admiradores que sequer existiam naquela memorável quinta-feira.
Vira-tempo
Desempregada e recusada pelos editores. Mesmo fortemente desacreditada, J.K. Rowling parecia já prever seu sucesso. “Ele vai ser famoso, uma lenda. Todas as crianças em nosso mundo conhecerão seu nome!”, disse a sábia Professora McGonagall nas primeiras páginas do primeiro livro sobre "O menino que sobreviveu". A previsão foi certeira: juntos, os sete volumes da série venderam cerca de 450 milhões de cópias em 79 idiomas e 200 territórios ao redor do mundo.
Fenômenos como esse são importantes para mostrar que a literatura sempre pode surpreender, mesmo num mundo repleto de opções de entretenimento de grande apelo”, diz Monica Figueiredo, editora dos livros da série na Rocco, responsável pela publicação no Brasil.
Em Hollywood, Potter também fez mágica, arrecadando 7,7 bilhões de dólares com oito blockbusters e a mesma quantia com produtos licenciados. À parte, é claro, de três parques temáticos, uma peça teatral recordista de prêmios, um derivado ganhador de Oscar e, talvez o mais importante: uma legião de fãs.
Poção do Amor?
São eles a base desta pirâmide multibilionária, e J.K. Rowling não precisou de Poção do Amor para conquistá-los. A autora ultrapassou fronteiras – de línguas, culturas e idades –, moldando, de certa forma, até os valores morais dos fãs.
“Acho que parte do sucesso tem a ver com a genialidade da ideia principal da história, de que existe um mundo mágico secreto bem debaixo de nossos narizes”, opina a escritora carioca Renata Ventura, cuja série A Arma Escarlate (Editora Novo Século) traz para o Brasil cinco escolas de magia. “São muitos elementos necessários para fazer um livro de sucesso tão grande quanto Harry Potter. Dentre eles, o intercâmbio de estilos, pois na trama há aventura, suspense e romance, associado à discussão de questões universais e atemporais, de orfandade a política”, completa Monica, da Rocco.
Muito antes da existência do Twitter e da publicação de Morte Súbita (Editora Nova Fronteira), seu romance de crítica social, Rowling já mostrava opinião forte sobre diversas questões. Em 2014, um estudo europeu publicado no Journal of Applied Social Psychology indicou que os leitores de Harry Potter são menos preconceituosos e mais empáticos. “Por um lado, através dos livros podemos deixar de lado uma vida monótona e frustrante e ir ao encontro de um mundo de magia e aventuras. Por outro, somos confrontados com a realidade escancarada de um mundo com preconceitos, violência, injustiças e intolerância”, explica a psicóloga e fã Mariana Moreira, de 24 anos. “É mais fácil identificar esses problemas em uma realidade paralela, para depois se dar conta de que são os mesmos que temos em nosso próprio mundo.”
"A comunidade de fãs é tão inclusiva quanto a própria história”, conta o jornalista Luiz Guilherme Boneto, de 26. “Nascida em uma família trouxa (não-bruxos), Hermione é alvo de preconceitos, mas é a bruxa mais inteligente de sua idade; Dumbledore, o maior bruxo de todos os tempos, é gay. Assim, não interessa sua origem, religião, gênero ou sexualidade: o fandom estará sempre de portas abertas.”Em comemoração, a editora britânica da série publicou quatro novas edições de A Pedra Filosofal, destacando as casas de Hogwarts. Imagem: Divulgação/Bloomsbury.

Relíquias
Ao completar 20 anos de sua primeira publicação, torna-se indiscutível: o que os fãs sentem por Harry Potter não é uma paixão efêmera. Afinal, a série literária mudou por completo o rumo de muitas vidas e deve conquistar ainda muitas outras.
É o caso da mineira Karen Soares, que foi apresentada à história aos 16 anos, por sua irmã e, hoje, aos 29, cativa na filha Karina, de 7, o amor pelo Mundo Bruxo. “Muito mais do que entretenimento, Harry Potter representa parte da minha vida e, por meio dos livros, passo a minha filha os valores morais transmitidos na história, de justiça e perseverança.”
Semelhante à Karen, a paraense Eliene Martins, que tem 35 anos e é fã há 16, acentua que incentivo não significa imposição: “Comecei a ler para eles antes de dormir, sempre intercalando com outras histórias, preocupada em não impor minha paixão. Mas eles gostaram tanto que chegaram a insistir para eu ler mesmo quando estava cansada e não queria. É maravilhoso ver a empolgação e a emoção espelhada nos olhos dos seres mais importantes de sua vida.”

Potter em Orfanatos
Ao refletir sobre como a história do menino bruxo havia incentivado milhões de crianças a descobrirem o prazer da leitura, a escritora Renata Ventura pensou: por que não influenciar aquelas mais carentes? Órfãos, como o próprio Harry. Então, surgiu o Potter em Orfanatos, que reúne milhares de voluntários em todo o país para visitarem casas de acolhimento e fazerem uma leitura encenada dos primeiros capítulos de A Pedra Filosofal.
Ao fim de cada visita, uma coleção dos livros da série é doada para que as crianças possam continuar a ler por conta própria. “Talvez torne um pouco mais suportável o fato de elas morarem em uma casa de acolhimento com outras crianças”, contempla a criadora do projeto. “Algumas são órfãs, como Harry, outras vêm de lares abusivos, também como Harry, então existe a possibilidade de elas se identificarem com a história e passarem a ver seu dia-a-dia com um pouco mais de magia.”
Fã sites e YouTube
Presentes em todo o mundo via internet, outros grandes responsáveis por manter a magia viva são os fã sites, ativos no Brasil desde a década passada, e o PotterTube, inaugurado em 2013 pelo jornalista Thiego Novais.
O Observatório Potter explica, de um jeito muito simples, todas as questões da história. Embora eu recomende muito, você não precisa ler os livros para ser fã”, argumenta Thiego, que produz conteúdo sobre a série desde os 13 e hoje, aos 27, fez da paixão seu trabalho. “A possibilidade de fazer outras pessoas descobrirem e se apaixonarem por esse universo me encanta.”
É um trabalho feito de fã para fã, mas, mesmo assim, somos um intermédio entre a marca e o fandom”, explica a cineasta Marina Anderi, que, aos 21, é gerente de conteúdo do Potterish, o maior fã site sobre a série no Brasil. “Receber o agradecimento caloroso dos fãs e ser premiado pela própria autora supera qualquer recompensa financeira.”
Influenciada principalmente pelo meio online, a designer de moda Lúcia Robertti é um exemplo da nova geração de fãs. “Quando veio o boom de Harry Potter, eu era chata. Dizia que não gostava da série quando, na realidade, nem a conhecia”, lembra entre risos. “Eu não queria ler, ou assistir, pelo simples fato de que todo mundo estava elogiando. Essa supervalorização me incomodava.”
No entanto, quando entrou para o Cabine Literária, um canal no YouTube dedicado à literatura, Lúcia conta que começou a se sentir excluída, como se Harry Potter fosse um clássico obrigatório e, ela, a única que ainda não tinha lido. Ano passado, aos 21 anos, a jovem, então, resolveu dar uma chance. Comprovando a longevidade da obra de Rowling, ela confessa: “Não tem jeito, mesmo tendo lido tantos outros livros, Harry Potter sempre aparece como base ou exemplo para temas dos quais quero falar.”Animais Fantásticos e Onde Habitam: uma nova era da magia. Imagem: Warner Bros. 
Até 2024, os fãs não precisam se preocupar: mais quatro filmes de Animais Fantásticos estão a caminho, e em 2018, de quebra, a peça Harry Potter e a Criança Amaldiçoada estreia na Broadway. E nas palavras da própria criadora, “Hogwarts sempre estará lá para recebê-los em casa.”

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